Amar a Pátria
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O PRESIDENTE da República, Armando Guebuza, considerou o "dossier" Cahora Bassa como sendo o assunto nacional fundamental de momento para o país, ao constatar, com certa satisfação, a maneira insistente como os jornalistas moçambicanos queriam saber um pouco mais sobre o "dossier".
Maputo, Sexta-Feira, 21 de Julho de 2006:: Notícias
Já fora do período normal da duração da conferência de Imprensa em Bissau e quando os profissionais da comunicação social tinham já os gravadores desligados, o presidente prosseguiu e comentou nos seguintes termos :
Quero vos dizer que estou muito sensibilizado com a vossa preocupação. Isso demonstra que a Imprensa está preocupada com os interesses nacionais. E isto é que deve ser reflectido, a todo o momento, pois, ajuda a criar os consensos nacionais, também a criar consensos fundamentais não só no país, como também nas pessoas que de fora olham para o nosso país e dizem "estes conhecem quais são os interesses principais" e, neste caso, Cahora Bassa é fundamental.
Situando em seguida aos jornalistas sobre o teor da conversa que manteve com o primeiro ministro português, José Sócrates, Guebuza disse que o governante informou lhe que ainda não estava em condições de assinar o acordo final, uma vez que havia diligências a fazer, e tendo em conta que o acordo foi negociado com Portugal, Moçambique só esperava que este país pudesse honrar os seus compromissos o mais depressa possível.
Guebuza falou com os jornalistas momentos depois de ter conferenciado com o governante português que a seu pedido aproveitou a estada em Bissau para lhe dar o ponto de situação sobre este complexo caso.
O presidente da República lembrou que quando em Novembro do ano passado foi assinado o memorando de entendimento em Lisboa foram definidos prazos que hoje não estão a ser cumpridos.
Perante este novo cenário, que deita por água abaixo o entusiasmo inicial, o "Noticias" quis saber, de forma insistente do estadista moçambicano, se o Governo ainda não tinha esboçado medidas de pressão com vista a forçar Portugal a acelerar o processo, ao que ele respondeu desta forma :
Moçambique manifestou já a sua preocupação de ver o assunto tratado o mais rapidamente possível. Como já disse nós definimos prazos que agora não estão a ser cumpridos. Nós queremos é ver o assunto fechado com a máxima brevidade possível, mas não podemos determinar prazos das diligências que Portugal está a fazer.
A uma outra pergunta sobre o que não teria sido acautelado no acto da assinatura do memorando de entendimento em Lisboa, o presidente disse que "nós sempre trabalhamos na boa-fé e nesta mesma base avançámos convencidos que havia condições para ser assinado o acordo. Só que neste momento, Portugal diz que ainda há diligências por fazer".
Naturalmente, nós temos que aguardar por essas diligências, sublinhou o presidente.
Porque já é público que a entrega de Cahora Bassa está presa à EUROSTAT, uma entidade de registo e controlo contabilístico europeu, questionámos ao presidente se nesta sua deslocação à Europa aproveitaria o momento para matar "dois coelhos numa só cajadada", falando com a EUROSTAT, ao que respondeu peremptoriamente da seguinte maneira :
Eu não negociei com a EUROSTAT, nem com a União Europeia, negociei foi com Portugal e é deste pais que espero a resposta.
ALFREDO MACARINGUE
Com os meus cumprimentos e desculpas pela insistência
Fernando da Silva Inácio Gil
Cartão de Eleitor da Charneca de Caparica – Almada nº D-856
1 - Não tendo todos os Senhores Deputados endereço electrónico público (talvez para não serem incomodados por quem neles votou), solicito que as Direcções dos respectivos Grupos Parlamentares façam o favor de entregar a esses cópia deste texto.
Salvou Portugal da "bancarrota"
Interessante e transparente o artigo do Senhor António Justo. Alfredo Mateus Catarino
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Denúncia bem fundamentada deste complexo económico
neo-corporativo e salazarento
«Portugal vive num sistema cartelizado»
Há já muito que aqui no Claro vimos tipificando o nó górdio que amarra as forças deste país e não só impede o seu desenvolvimento como o pressiona, de forma permanente e pesada, para o fundo. Temos-lhe chamado o complexo neo-corporativo e salazarento...
De certo modo, poder-se-à dizer que, contra este devorismo actual, Portugal luta desesperamente para manter a boca fora de água e conseguir respirar, mesmo se nem consegue ver bem o que o pressiona para baixo... É claro que o funcionamento deste complexo durante longos anos, supõe a existência muito sustentável de uma promiscuidade política do Complexo salazarento e neo-corporativo com a instância política... Por ser este o nosso ponto, é muito interessante anotar a denúncia de uma das componentes des complexo neo-corporativo e salazarento e dos seus modos de funcionamento e de como ele pratica a promiscuidade com dirigentes partidários e políticos. A denúncia visa o "reino do betão" mas poderia referir outros segmentos ou sub-sectores de bens e serviços "não-transacionáveis", de "direitos adquiridos" ou do que aqui chamamos o mercadismo leninismo...
Na sua corajosa denúncia, Paulo Morais aponta que:
"Portugal estar a viver, hoje em dia, «uma situação dramática», de «sistema cartelizado: um grupo restrito de pessoas domina o País». As «corporações que já mandavam em Portugal antes do 25 de Abril», precisa. Garantindo que para mudar o sistema «são precisos políticos com coluna vertebral» e que «em Portugal temos políticos que não são mais do marionetas ao serviço de interesses obscuros», Paulo Morais denuncia «um tráfico de influências generalizado» nas obras públicas, ao mesmo tempo que recorda que «a maioria dos partidos e da vida partidária é financiada por empreiteiros e imobiliárias». E assegura ainda que o Ministério Público tem «informação bastante para intervir»...
José Mateus Cavaco Silva